7.4.09

Aos caros leitores o ardiloso labor do 'novo' agente, Toutinegra das Murtas.
Relatório da missão em Estugarda (data encriptada):

"Caro Irmão Sylvia,

Relato desde Willy-Brandt Straβe, com vista para Mittlerer Schloβgarten e para a Hauptbahnhof, com a estrelinha a rodar em cima, lembrando-me o 300SL Roadster, da Kienle Automobiltechnik, que vi no aeroporto, quando aqui cheguei. Sei que aguardas um relatório do ritual iniciático em Lvov, mas terás que ser paciente, pois ainda me encontro em recuperação devido às garras afiadas da Tamara, que apesar de moldova, não compremeteu. De volta ao Meridien e à missão em Stuttgart. Tenho que admitir que Herr Berg deve ser dos concierges mais simpáticos que conheci e que o contacto das adolescentes turcas que me forneceu, para o encontro naquele clube na esquina entre a König e a Eberhard, determinante. Depois do que tinha visto no S Bahn quando elas se cumprimentaram fogosamente à minha frente, sabia que tinha que as ver novamente e que seriam elas a receber a encomenda. Pena que as bandeirinhas na carpete do Hotel não tenham feito o seu trabalho e que o significado da mensagem se tenha perdido pela mudança da homografia, provavelmente devido à acção de um qualquer refugiado zairiano a trabalhar aqui. Nada a temer, Herr Berg já tinha tratado de tudo e eu apenas teria que contornar o gigante Markus Friedrich, sacristão da Stiftskirche, que policiava o altar-mor, para arrancar um pedaço da barba de granito de um dos guerreiros que compunha o cadeiral, ou não seria aceite na Mesquita da Praia de Ouakam em Dakar, donde espero escrever-te daqui a uns dias. Desde logo colocava-se a questão de como entrar? A partir dum cabo lançado por uma das torres do Alten Kanzlei em Schillerplatz ? Ou talvez a partir do telhado da Loja da Montblanc, ao lado da Louis Vuitton, em Stiftstraβe? Mas aí corria o risco de me deparar com o Conde e ficar a descoberto. Havia ainda mais uma hipótese: saltar a totalidade da Am Fruchtkasten, aterrar na inclinada segunda água e entrar por um dos vitrais diagonais da pequena torre. "Assim seja", dizia o Pastor Vosseler, quando me estatelei em cima de um certo Conde de Württemberg ali sepultado. Rápido como um panthera onca e de martelo de geólogo em punho, enquanto a assembleia gritava pelo seu pastor, pensado que eu seria um qualquer islamita de Karachi, quebrei a barba a um dos guerreiros, contornei Herr Friederich, que ainda me conseguiu desequilibrar e falhar o arnês à primeira tentativa. Nada que uma vaporização de concentrado de Alprazolam não acalmasse. De regresso à pequena travessa, foi correr para o interior do parque subterrâneo do Commerzbank, onde me aguardava a polaca Natalya (a loira que recrutaste em conjunto com o Faneca), no seu mui discreto 356 B T5, de 1960, vermelho, com os estofos preto, enfim... o cabelo loiro a esvoaçar, os olhos verdes, as sardas junto ao nariz, a pele branca leitosa, o decote generoso. Apesar dos seus 42 anos, uma desgraça completa. Lá partimos para Fellbach, onde a peça de granito ficaria em segurança até à minha partida. O Kai trataria bem dela, já que o Rodrigo estava de férias. Comprei as D'Addario necessárias para entrar no clube e regressei de S-Bahn, no S2 ou no S3, já não me recordo. Quando sai em Stadmitte ainda ribombavam sirenes e pânico pelas ruas, mas nada que uma troca de peruca e calças de fato de treino, Beckenbauernianas, porque "Das Kaiser" será sempre "Das Kaiser", não tivesse já resolvido. A toda a pressa por Rotebühl Platz, 2 clicks para admirar a obra de Mendelsohn, Kaufhaus Schocken e Oβwald, a torre Tagblatt, antes de entrar no desviante clube Tahiti, onde me aguardavam as Turcas."
Aguarda-se na SAUDADE (Seguimento de Acontecimentos Únicos Directamente pela Agência Discreta para Encaminhamento) os restantes relatórios.

4 comments:

Claudia Sousa Dias said...

ai esta Toutinegra a ser afectada pela primavera...


CSd

observatory said...

bela cronica

santissima

observatory said...
This comment has been removed by a blog administrator.
rtp said...

Mais uma vez, hilariante! :-)