12.3.07

Aterrar em Lisboa, depois de uma semana brutal no Quénia fez-me sentir um homem novo. Aquele agente do Togo disfarçado de vendedor de ursinhos de goma deixou-me de sobreaviso. Tinha sido ele quem, em tempos, tinha vendido calças de contrafacção ao Agostinho Neto e isso provocou a crise que todos conhecemos. A velha estória do Pau-de-Cabinda foi apenas uma manobra de diversão. Comprei um pacotinho de gomas e disse, enquanto recebia o troco, "I'll blow your cover if you dont get the fuck out of here." Reparei como calmamente arrumou as coisas e desapareceu. No seu lugar uma mensagem encriptada. Apanhei-a discretamente e li-a na casa de banho do aeroporto. Era um talão do Pingo Doce e eu sabia o que ele me queria dizer com isto: 'o sítio do costume'. Dirigi-me para a bilheteira da TAP e murmurei: "Arlindo, a tua sogra é uma bezerra." Em dois minutos tinha na minha mão um bilhete para 'o sítio do costume', sem check in. Puseram-mo na mão e ouvi as palavras de activação da missão: "Temos gelatina de framboesa na sanita mas não é para os teus beiços, seu boi charolês." Sabia que não tinha um segundo a perder. Lembrei-me das palavras do Grão de Bico ao deixar este mundo com uma crise de fígado provocada por caviar envenenado, oferta do A. Shevshenko, prova de que não é apenas o peixe que morre pela boca: "Tout..i...negra... Pira-te en..quanto ahh...odes."

2 comments:

Claudia Sousa Dias said...

Oh Toutinegra...

Confesso que estou um bocado atrapalhada...

Afinal para que é que servia a gelatina de framboesa na sanita?


CSD

Toutinegra Futurista said...

Bem, Cláudia, poderia responder-lhe que se trata de uma mensagem encriptada mas, na verdade, o mundo da espionagem e da intriga internacional não é muito coerente ao nível das palavras-passe, senhas e contra-senhas. Já a outros níveis, não se pode dizer o mesmo. Contudo, desde que as missões cheguem a bom porto...
(Pelo menos isto é aquilo que posso responder neste momento, até para sua própria protecção)
Um abraço
TF