4.8.09

Aeroporto de Maseru, Lesoto, esse olimpo de contradições encaixado, para o bem e para o mal em plena África do Sul. As indicações obtidas em Ushuaia não deixavam qualquer margem para fracasso. Revelava-se o líder da Grande Ofensiva! Procurar o auto-proclamado Diácono Panaceia, criatura nascida em 1948, na modesta aldeia de Brufe, era mais difícil que encontrar gelo nos trópicos.
Esperava-me Deolindo Fronhas. No corpo, o traje académico de Coimbra; no exterior da cabeça, um boné das 'Carnes Fronhas', salsicharia que a sua hirsuta esposa comandava em Durban; no interior da cabeça, um imenso vazio: "Aqui tens a chave! Boa sorte!" Olhei em redor e deduzi que seria o carro verde escuro com uma inscrição na porta 'Gabriel Alves AB-/Rui Tovar O+'. Entrei no DKV de 1962 e, com o girar da chave no canhão da ignição, soltou-se das goelas do leitor, oportunista, a voz de Clemente: 'Zzzz, sou uma abelha, sempre em busca do mel..." Cortei o pio àquele intragável tratado de apicultura pseudo-popular e arranquei com destino a Teyateyaneng. Aí recolheria o único operacional de que necessitava, Orlando 'Furioso' Manilhas. " Fizeste boa viagem, amigo Toutinegra?" "Regular, gente estranha no avião..." "Não sejas racista..." "Não é isso! À minha frente vinham dois tipos que só falavam com um vibrato impressionante..." "É gente que se vem oferecer ao Panaceia! Falam todos à Frei Hermano da Câmara!" "Foi o que me pareceu! Seria sempre gente ligada a Câmaras, ao frade Câmara ou ao Câmara Pereira... aquele vibrato..." "Sim, terrível... Bem, segue em direcção a Maputsoe e depois segue em direcção a Thaba Tseka! Rápido!" "Mas... este caminho é mais longo..." "Sim, mas bem mais bonito..."
Chegados ao destino, restava-nos o ultimatum ao Panaceia. Custava-me a hipocrisia, relativamente a esta operação, dos membros do distrito 1967 do Motary Clube. Eles tinham informações falsas que não hesitaram em facultar. Teriam de fazer melhor se me queriam fora do Lesoto! Seguiríamos o rasto do azeite Extra Virgem da Cooperativa Agrícola de Moura e Barrancos. O Diácono não passava sem ele, o golpe seria certeiro.

1 comment:

Claudia Sousa Dias said...

barrancos...olha Brufe não por acaso aquela aldeia de Famalicão onde eu nasci, pois não?

assim talvez eu conheça o pároco...

...ou os outros com vozes de vibrato.

csd